
Quanto mais recriminamos uma ação de uma criança, mais potencializada ela fica.
Isto vira um círculo vicioso, ela se sente injustiçada, repete a ação, o adulto recrimina de novo ela se sente injustiçada e tem sempre a esperança que em algum momento o adulto poderá vê-la em sua demanda.
Isto não ocorre porque o adulto, não consegue olhar pra criança para entendê-la sem julgar , geralmente não consegue porque se projeta na criança ou repete o que recebeu em sua própria infância.
Assim está instalado um comportamento e uma crença, a criança sente : não me entendem.
A criança ouve tanto uma crítica e um julgamento sobre ela, que acaba acreditando.
Com isto aprende a duvidar de si.
Quanto mais duvida de si, mais o comportamento fica reforçado, assim está criada a base que dá uma certeza na criança : eu não sou boa o suficiente, por isto sou criticada, comparada.
Acaba por acreditar. E esta voz fala “silenciosamente” dentro dela.
Isto acaba sendo encapsulado como um trauma, congelado e cristalizado vamos criando camadas e fórmulas pra conseguirmos convencer os outros de que somos bons.
Afinal a criança busca este apoio no adulto.
Adulto que também passou por isto e muitas vezes não entrou em contato com suas dores e por sua vez, com muitas demandas e suas crenças já instaladas, projetam nas crianças suas dores também, daí tantos conflitos.
Todos invisíveis
Quando posso olhar, reconhecer e finalmente acolher minha própria dor, e aceitar as marcas do meu passado posso ter um pequeno distanciamento e olhar as crianças para poder vê-las e não enquadra-las ou molda-las ou super protegê-las, para ficar fácil.
Enquanto não me sinto vista, fica difícil poder ver! E o outro passa a ser o que projeto de mim.
E como nossa criança muitas vezes ficou abafada em suas expressões e sensações fazemos o mesmo e reproduzimos o que recebemos, muitas vezes sem perceber.
Chegamos na vida adulta muitas vezes com uma carga enorme de sensações não reconhecidas e acolhidas, guardamos nossos conflitos e medos em relação aos nossos pais e irmãos em primeiro momento, depois projetamos nas pessoas que encontramos em nossa vida.
Sentimos e não permitimos, aprendemos que tem coisas que não podemos sentir, que são erradas de se sentir e tentando ser aceitos, fingimos, e enterramos muitas coisas.
Depois mais na frente damos de cara com situações que se repetem, e se repetem, e se repetem….
Até que depois de muito cansados vamos atrás de querer transformar.
Ou não …
Mas o incômodo vai aumentando, ou até chega a virar doença.
E como dar o primeiro passo sem que seja com tanto sofrimento?
Podemos observar nosso julgamento, dentro de nossa mente tudo está dividido entre : certo e errado, bom e ruim, bonito e feio, culpado e inocente…
E todas as contraposições não se alinham, assim não há disponibilidade para o aprendizado.
Na prática : se algo me incomoda e eu julgo, de cara preciso perceber que julgo. Ir além da certeza que está certa e o outro errado. Duvide um pouco de sua certeza, se julgou ou se incomodou com uma situação corriqueira, é aconselhável rever.
Julgamentos de todo gênero, e se acho algo certo porque aprendi assim, sugiro rever.
Faça uma proposta a si
Hoje não julgarei nada ! E observe seus pensamentos, por um dia.
Depois vale uma pergunta pra si : porque estou julgando e me incomodando com esta situação ? Afinal o que tem em mim, ou o que vivi que me remete a este julgamento?
Eu me identifico com esta situação ?
E a pergunta que nunca quer calar : qual o aprendizado que esta situação me traz ?
Quando fazemos uma pergunta que expande o universo está disposto e disponível pra te dar o próximo passo.
Dai se faz necessário um pouco de atenção, pausa e silêncio pra ouvir a resposta.
E se não conseguir decifrar, talvez precise de uma cooperação externa.
Ouça seu coração e siga na direção da solução.
Mas uma coisa é certa ….
O julgamento nos distancia da solução e só posso dar o que tenho.
Se me julgo demais, provável julgarei também.